Num mundo onde a correria do dia-a-dia nos faz perseguir sempre algo mais — um novo carro, uma casa maior, um emprego mais bem pago — muitas vezes esquecemos o verdadeiro valor do que já está connosco. A verdade é que nem sempre damos atenção ao que possuímos até que isso nos seja tirado. Mas será que precisamos mesmo de perder para aprender a dar valor?
Lembro-me da história de uma amiga, a Inês, que tinha uma relação aparentemente banal com a mãe. Estavam sempre ocupadas, quase não partilhavam momentos juntas. Inês pensava que tinha todo o tempo do mundo para construir essa ligação mais tarde. Até ao dia em que um diagnóstico inesperado alterou tudo. De repente, o “amanhã” já não era garantido. Hoje, ela fala com nostalgia e tristeza de tudo o que gostava de ter feito, mas não fez.
A vida tem uma forma curiosa de nos ensinar. Por vezes, fá-lo com pequenos toques: o cão que já não abana o rabo à porta quando chegamos a casa, a amizade que esfriou porque não encontrámos tempo para uma chamada. Outras vezes, a lição vem com um impacto maior, algo que nos obriga a parar e refletir.
A chave para amar o que temos está na gratidão. Todos os dias, reserva um momento para pensar: o que há na minha vida que realmente importa? Não é o telemóvel mais recente nem a roupa de marca. São as pessoas que nos amam, os pequenos gestos de carinho, as memórias que criamos.
Se isto te parece difícil, começa com algo simples: escreve uma lista das coisas pelas quais estás grato. Pode ser algo tão pequeno como um raio de sol numa manhã fria ou o sorriso de um estranho na rua. Aos poucos, vais perceber que a felicidade não está no que procuras, mas no que já tens.
Ama o que tu tens, antes que a vida te obrigue a olhar para trás com arrependimento. Vive o presente e valoriza as pequenas bênçãos que já fazem parte do teu dia. Porque, no final, o que nos define não é o que adquirimos, mas o amor que damos e recebemos.