Não, não vai ficar tudo bem. Não sejamos hipócritas. A mensagem é importante passar para não desanimar, mas é fundamental manter a cabeça fria.
Numa fase em que tudo é incerto, uma incógnita, há quem se consiga adaptar, mas há também muitos que não se irão conseguir levantar.
Há empresas a fechar. As pequenas, as mais instáveis, que já sentiam as dificuldades do mercado vão ficar com a corda ao pescoço.
Trabalhadores mandados para casa, alguns despedimentos inevitáveis que vão acontecer. E famílias a necessitar dos rendimentos para pôr comida na mesa.
Trabalhos precários e os sem contratos serão colocados “a andar” sem meias medidas e sem direito a apoios sociais.
Não é só a fila do desemprego que vai aumentar, mas também a fila de vítimas de violência, de divórcios e de consultas para o psicólogo.
A sociedade não está habituada a viver assim. Maridos e mulher, genros e sogras, filhos e pais, juntos, 24 horas, sem o poder de desanuvear no trabalho ou no “apanhar ar”.
Vítimas confinadas em casa, à distância, ainda maior, de ajuda. A casa que é para muitos um lugar seguro, neste caso é a sentença de morte.
Casais que viviam quase sem se ver, muitos numa mentira já habituada, vão cair em desanimo, num divórcio profundo.
E muitos se sentirão desemparados, por perdas de familiares, de empregos, de estabilidade. Níveis depressivos vão entrar numa escalada dificil de controlar.
Não, não vai tudo passar e ficar igual ao que era…
A sociedade tem de perceber esta lição e passar a dar mais importância às pessoas. Ao poder de um abraço, à presença e a valorizar quem nos estende a mão e nos volta a fazer pensar que vai ficar tudo bem.
Que esta batalha nos sirva para definir melhor as nossas prioridades e de estabelecer novas metas. Que nos faça dar valor àquilo que nos passava ao lado. Não vamos ficar todos bem, mas podemos entrar numa onda de solidariedade – que é habitual, somos portugueses – e estender a mão a quem está pior que nós.
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