O regresso dos telemóveis de teclas: Menos apps, mais paz

Paulo trocou o smartphone por um telemóvel básico e ganhou tranquilidade. Descubra como os telemóveis de teclas estão a conquistar adeptos pelo seu charme e simplicidade.

Paulo, com apenas 28 anos, fez uma escolha que parece saída de um filme de época: trocou o smartphone cheio de notificações por um telemóvel de teclas que custou 27 euros. Ele diz, com um sorriso tranquilo, que “ganhou paz”. E, sinceramente, quem pode culpá-lo? Há algo de poético – e, talvez, de rebelde – nesta decisão.

Lembro-me bem dos primeiros telemóveis que passaram pelas minhas mãos. Pequenos, robustos, e com jogos como o Snake para nos entreter nas longas esperas pelo autocarro. Não era preciso ter um carregador sempre à mão, porque a bateria parecia eterna. Hoje, enquanto o meu smartphone brilha com alertas de mensagens, emails e uma notificação para respirar (!), sinto uma pontada de inveja do Paulo.

Ele descreve a sua rotina com o telemóvel básico com uma simplicidade quase desarmante. Não há redes sociais, e o “ecrã” é quase uma janelinha para o essencial: chamadas e mensagens. Para muitos, pode parecer um retrocesso, mas para ele é uma libertação. “Agora, ninguém espera que eu responda em dois minutos. E, se demorar um pouco mais, ninguém morre”, brinca, entre gargalhadas. É difícil não rir com ele.

Há algo de nostálgico e libertador nesta história. Quantos de nós já sonhámos em fugir da tirania do smartphone? Os telemóveis de teclas trazem consigo uma simplicidade quase perdida, uma ligação mais humana. Não há deslizes de dedo infinitos em redes sociais, nem o dilema diário de “ecrã a mais” nas notificações de saúde digital.

Mas não me interpretem mal: isto não é um manifesto contra a tecnologia. A questão é mais sobre o que realmente precisamos. Será que precisamos de 50 apps ou da capacidade de simplesmente atender chamadas? Paulo trocou o “tudo” pelo “essencial”, e o mundo não desabou.

Talvez os velhinhos telemóveis de teclas não sejam apenas um revivalismo tecnológico. São uma oportunidade de nos perguntarmos o que realmente nos faz falta. Talvez o descanso do Paulo seja um lembrete de que, por vezes, menos é mesmo mais.